2/22/2007

Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez

Nos meus vinte e tantos anos de existência várias vezes ouvi, e algumas proferi, um simples pensamento que cerca a modernidade do século XXI, trata-se da idéia de sentir-se sozinho na multidão. De forma abstrata, mágica, lúdica e às vezes absurda e louca, Gabriel García Márquez nos brinca com um conteúdo concreto, sensato e lúcido que transpassa singularmente a idéia da solidão solitária e da solidão compartilhada de Cem Anos da história dos indivíduos da família Buendía, que de geração em geração realimenta o ciclo vital da própria solidão.
Narrativa envolvente, provocativa nas emoções e muitas vezes desconexa no tempo e no espaço despertou intensamente minha imaginação, sobretudo nos momentos de hibridismo cultural e mítico e na composição dos personagens metafóricos e místicos. Apenas para instigar a curiosidade do leitor temos Remédios, a bela que subiu ao céu de corpo e alma, Fernanda, a chata de nariz em pé que trocava correspondência com médicos invisíveis, José Arcádio Buendía, o louco alquimista que morreu amarrado a um castanheiro, Coronel Aureliano Buendía, homem forte e solitário que precisou promover 32 guerras e violar todos os pactos com a morte para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade, Melquíades, cigano cientista alquimista que traduziu e profetizou em pergaminhos a saga da família Buendía. Enfim, uma gama de estórias, personagens, tramas e dramas que recheiam e enriquecem este clássico que merece ser lido e relido com atenção e imaginação.

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